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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

TSR para o Brasil: meu primeiro estudo com método Monte Carlo

Atualização: leia aqui versão mais atualizada deste post

Desde que descobri a comunidade de independência financeira sempre desconfiei da clássica taxa de 4% por ter vindo de estudos baseados no mercado americano. O nosso mercado é muito diferente, os números são óbvios. Até mesmo para o mercado americano essa regra é constantemente questionada.

Um dia lendo o blog "My Money Design" me deparei com um artigo sobre uma tal simulação de Monte Carlo, onde ele questionava a tal regra de 4%. Em síntese, o estudo do William Bengen e o Trinity Study foram feitos em cima de resultados do passado. Obviamente aquela sequência de rendimentos e quedas no mercado com certeza não vai se repetir outra vez, igualzinho aconteceu. Também ninguém pode cravar qual será o retorno da bolsa ano a ano. No método Monte Carlo você simula aleatoriamente os rendimentos ano a ano, dentro do que foram os rendimentos do passado.

Infelizmente não sei porque motivo o cara deletou o post. Descobri isso ao procurar outra vez para por o link como referência no final deste post. Porém na hora que vi eu baixei a planilha dele, onde você podia fazer simulações em cima dos retornos da bolsa americana desde 1950. Na hora eu pensei "outro dia eu pesquiso os retornos da bolsa brasileira e ponho aqui pra ver o que dá".

Tempos depois eu fiz essa pesquisa e hoje quero mostrar os resultados da brincadeira.

Como funciona

Na aba "Rendimentos" estão os rendimentos de cada índice. Ali pode ser informado a partir de que data será calculada a média e desvio padrão que irão alimentar as simulações.

Na aba "Simulações" aparece o resultado final de cada uma das 1000 simulações, junto com alguns dados estatísticos. Percebi que por conta daquele período da hiperinflação no final dos anos 80 e começo dos anos 90 a simulação ficava muito prejudicada. Eu adaptei a planilha para considerar uma data inicial variável. Para o Brasil a data inicial mais antiga decente parece ser 1996.

Na aba "Monte Carlo" preencha as células verdes e pressione F9. Será mostrada uma tabela com a evolução da carteira de acordo com a taxa de retirada e inflação informados, assim como os retornos gerados aleatoriamente dentro do histórico do índice escolhido. Do lado aparece um gráfico com a evolução da carteira. Tanto o gráfico quanto a evolução da carteira valem somente para a primeira simulação.

A planilha original simulava 70 anos de retorno aleatório, uma única vez. A minha simula quantos anos você quiser até máximo 70, e faz isso 1000 vezes. São mil simulações com taxas de rendimentos aleatórias, que estão dentro do que ocorreu desde a data inicial especificada. Para repetir a rodada e gerar mais 1000 simulações basta pressionar F9.

Resultados


Resumo: carteira 1M - TSR x taxa de falha
Inflação SP500 - 0%; IBOV 4%
Período SP500 -1/1/1950 em diante; IBOV 1/1/1996 em diante
Indice Anos
Taxa de retirada 30 40 50
S&P 500 0 0 0
0,5% IBOV 21 27 34
IBOV USD 54 64 73
S&P 500 0 0 0
1% IBOV 26 33 40
IBOV USD 60 71 78
S&P 500 0,1 0,2 0,3
2% IBOV 35 42 50
IBOV USD 66 76 82
S&P 500 0,5 1,5 2
3% IBOV 40 49 55
IBOV USD 72 79 84
S&P 500 3,5 6,5 8
4% IBOV 49 54 60
IBOV USD 75 82 87

Dada uma carteira de 1 milhão, simulei diversas vezes cada cenário e anotei a taxa de falha que mais apareceu. Taxa de falha seria a porcentagem de simulações onde a carteira zerou antes de terminar o período.

No cenário pelo SP500 e TSR de 4% durante 30 anos (estilo Trinity Study) a taxa de falha ficou em 3,5%. Nos cenários usando o Ibovespa as taxas de falha foram sempre superiores a 20%. Mesmo adotando um período mais estável (desprezando a época da hiperinflação) e convertendo os retornos para dólar a volatilidade foi imensa, o que provocou uma montanha russa nas simulações. Você pode ver que as vezes a carteira sobe 100% e no ano seguinte cai 60%, ou sobe de novo 80% e daí cai mais de 50% por alguns anos. Veja aba "Monte Carlo".

A média do Ibovespa nominal ficou em 19,78% com um desvio padrão de 45,88% (!); em dólar esses valores ficaram em 18,07% e 55,81% respectivamente (em dólar a variação foi ainda maior). Veja aba "Rendimentos".

Conclusão

De acordo com esse exercício de pura curiosidade ter uma carteira com 100% em ações vai resultar em fortes emoções numa aposentadoria precoce ou não. Nossa economia ainda é frágil e a bolsa vai oscilar bastante a cada crise ou suspeita de crise internacional ou nacional. Muitas ocorrerão ao longo das décadas.
Quero pesquisar os retornos de renda fixa para simular nessa planilha também.
Abaixo vou deixar vários links que me ajudaram a fazer essa brincadeira, assim como o link para baixar a planilha que eu fiz. Divirta-se !

Links
Monte Carlo Simulation: The Basics
Monte Carlo Simulation with Excel
45 Anos de Bovespa e 4 Bear-Markets: 3 com Quedas de 80%-90% em Dólar
Minha planilha

domingo, 3 de setembro de 2017

Balanço - Agosto/2017

E lá se vai mais um mês nessa longa, lenta, porém inabalável caminhada rumo à independência financeira. Depois de um período razoavelmente tranquilo esse mês entrei em mais um projeto-roubada. Está claro que não vai dar pra ficar mais 20 anos nessa vida. Enquanto antes minha reação era disparar currículos pro mercado em busca de algo melhor, agora estou mais tranquilo e consciente. A IF é minha única saída.

Eventos que me chamaram a atenção na comunidade FIRE:

- Bill Bengen, inventor da regra dos 4%, deu uma entrevista no Reddit dizendo que agora é 4,5%;
- Descobri o blog Early Retirement Now, que tem uma série sensacional sobre taxa segura de retirada. Segundo o estudo do cara, esta seria 3,25% para quem vai ficar 60 anos vivendo de renda;
- Michael Kitces, outro guru na área, defendeu em entrevista ao Mad FIentist a regra dos 4% inclusive para aposentadoria além de 30 anos. 

Particularmente vejo mais factível o estudo do blog Early Retirement Now. Estou lendo aos poucos.

Desempenho do mês:
  • Taxa de poupança ( (receitas - despesas) / receitas) de acordo com o GuiaBolso: 67%
  • Renda passiva de FIIs e ações: 1637,96
  • Rendimento global da carteira: 0,75% - decente. Acumulado de 2017 - 8,38%
    • Previdencia Privada: 0,8% - decente
    • Tesouro direto: 0,87% - decente
    • RF (Titulos privados): 0,82% - decente
    • Fundos: 0,82% - medíocre
    • FGTS: 0,30% - sem comentários 
    • Bolsa: 0,48% - FIIs estagnados ou em leve queda
    • USD: 1,12 % - leve alta
    • EUR: 0,50% - leve alta
    • Stock plan: 0,72% - outro mês comprando no topo seguido de queda da ação
Agora todas rentabilidades acima sao líquidas. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pra cá, mais multas e impostos. 

Indicadores do mes:
CDI 0,8% - como minha rentabilidade é liquida, superei ! No ano acumula 7,34% (também estou superando)
IPCA estimado: 0,44% - ganhei fácil; no ano acumula 1,87%
Poupança: 0,55% - mesmo melhor que meu desempenho na bolsa, no geral minha carteira supera; no ano acumula 4,69%

Alocação atual:


Brasil Exterior
Fundos Prev Privada FGTS RF TD BOVESPA Stock Plan EUR USD

23,5% 10,9% 5,8% 16,4% 23,0% 11,9% 3,1% 2,8% 2,7%

Nos próximos capítulos terei que decidir o que fazer com 2 CDBs que estão vencendo esse mês. Queria reinvestir tudo em ações e FIIs mas estou receoso com essa euforia, achando FIIs principalmente muito caros e com baixo rendimento. Tesouro Direto está devagar também. De repente vou jogar em fundo de ações ou algum ETF. Vamos ver.

Quero mexer na minha planilha para separar ações e FIIs. Tenho certeza que tive uma alta expressiva em ações este mês mas como está tudo junto não sei quanto foi.

Por fim quero estudar e tentar bolar uma estratégia de retiradas melhor que a que apresentei no blog mês passado.

Obrigado pela visita e vamos virar vagabundo !!! :-)